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DIA INTERNACIONAL DA MULHER: TEMOS O QUE COMEMORAR?

  • Foto do escritor: Ana Paula Campos
    Ana Paula Campos
  • 7 de mar. de 2023
  • 2 min de leitura


Vou aproveitar este espaço para falar de mim, mas sem dúvida nenhuma, o que será dito será alvo de identificação de muitas mulheres.

Já faz um tempo que venho pensando sobre a tal SORORIDADE feminina. Acompanho as postagens nas redes sociais, e o que vejo é o pacto narcísico das mulheres brancas. Clubes de leitura, rodas de conversa, palestras... sempre mulheres cis brancas de classe média ou alta.

Afinal, não sou uma mulher?

Onde estão as mulheres negras, indígenas e ciganas? Por que nossas obras, nossa arte e nossas reflexões filosóficas e teóricas não estão no centro das rodas das ditas mulheres?

Recentemente lancei dois livros. Um de crônicas, lançado no final de 2022, e um de contos, lançado agora no início de 2023. Um feito e tanto, porque sabemos como é difícil pra nós, pessoas racializades, sermos convidades por editoras ou termos grana para publicações independentes. Analisando as vendas durante os lançamentos, sabe quantas mulheres brancas ou mesmo negras da política ou do meio literário aqui do RN compraram meu livro? NENHUMA! Isso mesmo, nenhuma!

Isso me deixa bastante entristecida, porque sou o tipo de pessoa que não falta a lançamentos e que sempre está comprando e divulgando as obras de outres escritorxs. Tenho até um Instagram específico para isso: @_livros_e_leituras. Mas do que adianta caminhar em uma via de mão única?

Que mulheres brancas tenham resistência em comprar nossas obras, eu até entendo, afinal, é a manutenção da branquitude. O que escrevemos ameaça sua hegemonia e toca na ferida racista que muitas se recusam a ver. Mas mulheres negras?

Acredito que parte do problema está na velha rivalidade imposta aos nossos povos pela branquitude. Eles aceitam pouquíssimos negres no topo. Briguemos entre nós para ver quem ocupa este lugar? Mas também fiquei pensando que as pessoas, de modo geral, não gostam de artistas; gostam de famosas. Aquela pessoa que tem milhares de seguidores e está “bombando” nas redes. Acho justo e válido que estas mulheres sejam reconhecidas; o que me incomoda é: por que elogios e livros comprados se limitam a elas?

Cada vez mais me sinto deslocada em minha própria cidade. Durante o levantamento das vendas, percebi que a grande maioria dos livros vendidos foram para homens daqui ou homens e mulheres de outras cidades, como Salvador, por exemplo. Escritoras renomadas que sigo e admiro fizeram questão de pagar livro e frete. Fiquei extremante honrada pelo reconhecimento.

Como não sou do tipo de pessoa que se dá por vencida nas batalhas. Quero concluir este texto dividindo uma grande alegria com vocês: hoje está fazendo um mês que fizemos o lançamento oficial e com isto estamos comemorando a marca de 150 livros vendidos de forma independente. Apesar de todos os entraves, somamos 150 leitores que acreditam no meu trabalho e na minha escrita literária.

Muito obrigada a quem fortaleceu. São resultados assim que nos mostram que nem tudo está perdido, e que a luta continua. Como fama não é meu objetivo, estou feliz que o livro está chegando onde tem de chegar. Sigamos!

 
 
 

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