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O QUE É MAIOR: O MEDO DE SER LIDA COMO PREGUIÇOSA OU O MEDO DE MORRER?

  • Foto do escritor: Ana Paula Campos
    Ana Paula Campos
  • 11 de abr. de 2023
  • 2 min de leitura

Semana passada acordei às quatro horas da manhã passando mal. Painho mais uma vez me socorreu há tempo e já estou em casa. Porém, desde então tenho pensado mais ainda sobre a morte. Sou uma pessoa hipertensa. Essa condição não vai mudar. Mas tenho seguido a dieta e já perdi muito peso. Eu realmente pensei que estava segura. Ou pelo menos era nisso que eu queria acreditar. Eu já entendi, desde a primeira vez que fui ao hospital, que o estresse provoca derrame e infarto.

Estou tomando calmante e chás com regularidade, mas quem me conhece, sabe que não consigo ficar parada. O fato é que venho pensando sobre isso. A maior recomendação dos médicos após o infarto foi: reduza seu ritmo de trabalho ou você não vai aguentar. Isso funcionou no primeiro e no segundo mês. No terceiro, eu já estava produzindo como antes, de maneira industrial. Tudo ficou pior quando as aulas começaram.

Como a minha escola está em reforma, estamos trabalhando de forma remota. Professorxs que passaram por isso na pandemia sabem bem que nestes casos trabalhamos muito mais. Comecei a não ter horário definido para nada. Toda hora era hora para sentar no computador.

A angústia de não saber porque alguns alunes não vão pegar atividades, pensar estratégias para que aprendam mesmo de longe, ligar para famílias e saber das situações de cada uma – sem falar de horas e mais horas no computador, preparando atividade, fazendo cursos e escrevendo –, tudo isso não poderia terminar bem.

O problema é que estou enfrentando um dilema que acredito que muita gente enfrenta diariamente. Toda vez que paro para descansar, um descanso merecido, por sinal, fico me sentindo culpada, como se estivesse me auto boicotando. Vem logo aquela inquietação e a sensação de que sou preguiçosa e que, portanto, deveria estar produzindo. O resultado é que não faço o que deveria nem descanso como preciso.

Ando com medo e angustiada. Sempre fui controladora e agora parece que não tenho mais o controle da minha vida. Emagrecer, algo que eu poderia fazer, não está resolvendo por si só. Eu preciso controlar as emoções ou vou morrer, simples assim. Cada dia que passa, sinto-me mais como se estivesse caminhando por um campo minado, e qualquer passo em falso será meu fim. O medo só piora as coisas, mas para quem é mãe, a morte é nosso maior pavor. Tenho tido crises frequentes de ansiedade e insônia.

Por sorte, tenho uma rede de apoio que está no meu pé, cuidando para que eu não exagere nas tarefas diárias, mas sei que isso é algo que preciso trabalhar em mim. Não posso viver medicada e tomando chá. Não tenho a resposta para a pergunta do título desta crônica. Espero estar viva para responder depois.

 
 
 

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